domingo, 30 de março de 2008

Ventos Mexicanos

Uma ponte com o México, Gustavo Gantios, Isto É – Dinheiro, 26 de março de 2008.

Um Resumo - A matéria é sobre um Fórum que acontecerá em Recife, PE, no dia 27 de março de 2008, com a participação de 300 empresários brasileiros e mexicanos com o objetivo de alavancar as relações comerciais entre os dois países, as duas maiores economias da América Latina. Fala também sobre a instalação da primeira agência bancária no Brasil do Banco Azteca, para a qual viria Ricardo Salinas, bilionário mexicano. Segundo o autor, o volume de comércio entre os dois países é de US$ 6,2 bilhões, com um saldo de US$ 2,2 bilhões para o Brasil. Já o volume de investimentos é de US$ 16 bilhões dos mexicanos no Brasil, frente os US$ 3 bilhões investidos por brasileiros no México. O presidente da Confederação Nacional da Industria, Armando Monteiro Neto, clama pela ampliação da lista de produtos isentos de alíquota de importação, atualmente em 2.600.

Uma Análise - A Isto É – Dinheiro colocou esta reportagem de forma mais informativa do que crítica ou analítica. São apresentados dados sobre as relações comerciais dos países, que são representativos, ainda que não o suficiente para o presidente da Confederação Nacional da Industria. Os dados atuais são altamente favoráveis ao Brasil, com um saldo positivo de US$ 2,2 no comércio e US$ 13,3 bilhões na indústria. Se alguém quer mudar isso, certamente é mexicano e não brasileiro. Como a própria reportagem fala: “...uma característica da economia mexicana é a de concentrar um grande número de bilionários responsáveis, cada um, por setores essências do país.” Em outras palavras, é uma economia monopolista e oligopolistas. Informação importante nesta matéria é a entrada do Banco Azteca no mercado brasileiro de crédito popular, que é uma área em expansão ma economia brasileira. É apenas a primeira agência, mas os mexicanos, pelos dados apresentados na matéria, investem um grande volume de recursos no Brasil, e de início, já disponibilizou US$ 25 milhões para essa investida. Bons resultados podem trazer mais recursos, e um grande concorrente neste segmento da economia.

Um comentário:

Gilmar Santos disse...

É interessante notar os seguintes aspectos da economia mexicana: eles têm uma pauta de exportações menos diversificada que a brasileira (e muito concentrada no petróleo) e menos diversificada quanto a parceiros comerciais (muito dependentes dos EUA). Enquanto o Brasil relutava em apoiar a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), o México já tinha se juntado a EUA e Canadá, para formar o Nafta. Então, o México passou a ser o queridinho dos economistas neoliberais. De fato, o México alcançou o tão cobiçado "grau de investimento", o PIB deles cresceu muito e chegou a ultrapassar o do Brasil, embora por pouco tempo, pois hoje o Brasil cresce mais do que o México. Eles têm alguns indicadores sociais melhores do que os nossos, principalmente em relação à educação (herança da revolução mexicana no início do século XX). No entanto, para quem já foi um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, a situação deles é péssima. Enquanto os países da Península Arábica têm revertido a renda com os petrodólares na diversificação da economia e bem estar da população, no México ocorreu uma concentração de renda e uma dependência ainda maior em relação a esse produto. Hoje, as reservas de petróleo do México estão se esgotando e o país não soube aproveitar a vantagem comparativa que tinha em relação a esse produto.
Como vocês explicitam ná matéria, o México tem um grande número de bilionários, que estão procurando investir fora do país, pois a economia mexicana se encontra saturada e tem um baixo poder de absorção de investimentos.
Que lições o Brasil pode tirar do caso mexicano?
Até que ponto crescimento do PIB, por si só, e grau de investimento favorecem um país?